segunda-feira, 16 de março de 2015


Tema: Cultura Híbrida – Experenciando os sentidos da escola expandida


A disciplina “Formação de educadores para uso da tecnologia” tem buscado a cada aula estudar e ampliar os olhares e a atenção de cada um de vocês para a complexidade[1] do tema de pesquisa “Tecnologias aplicadas na Educação”.
Como discutimos em aula, Tecnologia, artefato e dispositivos são conceitos que precisam ser entendidos e diferenciados na especificidade da dimensão técnica e pedagógica na qual são aplicados e, com esse discernimento, possam ser meios[2] para potencializar a aprendizagem em todos os níveis da educação e espaços em que ela possa se desenvolver. Para McLuhan, "Em nossas cidades, a maior parte da aprendizagem ocorre fora da sala de aula. A quantidade de informações transmitidas pela imprensa excede, de longe, a quantidade de informações transmitidas pela instrução e textos escolares", explica McLuhan, em seu livro Revolução na Comunicação.
A experiência da aula ao ar livre, no espaço urbano, tem relação com os teóricos que são referência para nossas reflexões.
Canclini analisa o urbano fazendo um recorte cultural no movimento rumo à hibridização. Para elaborarmos a relação- espaço vivenciado e teoria – precisamos ter o olhar de pesquisadores, aguçar os sentidos para provocar o espanto diante do cenário que faz parte de nosso cotidiano.
Entender o espaço urbano híbrido, como Canclini descreve,
 O desenvolvimento moderno tentou distribuir os objetos e os signos em lugares específicos: as mercadorias de uso atual nas lojas, os objetos do passado em museus de história, os que pretendem valer por seu sentido estético em museus de arte. Ao mesmo tempo, as mensagens emitidas pelas mercadorias, pelas obras históricas e artísticas, e que indicam como usá-las, circulam pelas escolas e pelos meios massivos de comunicação. Uma classificação rigorosa das coisas, e das linguagens que falam delas, sustém a organização sistemática dos espaços sociais em que devem ser consumidos. Essa ordem estrutura a vida dos consumidores e prescreve comportamentos e modos de percepção adequados a cada situação. Ser culto em uma cidade moderna consiste em saber distinguir entre o que se compra para usar, o que se rememora e o que se goza simbolicamente. Requer viver o sistema social de forma compartimentada.
Contudo, a vida urbana transgride a cada momento essa ordem. No movimento da cidade, os interesses mercantis cruzam-se com os históricos, estéticos e comunicacionais. As lutas semânticas para neutralizar, per turbar a mensagem dos outros ou mudar seu significado, e subordinar os demais à própria lógica, são encenações dos conflitos entre as forças sociais: entre o mercado, a história, o Estado, a publicidade e a luta popular para sobreviver. (CANCLINI, 1997, p.7).


Como a disciplina trata as tecnologias como meio para comunicação e interação com o objetivo de estudar e a sua aplicação técnica está voltada à aprendizagem teremos que utilizá-las, como experimento, avaliá-las e fazer o diagnóstico do processo.
O espaço expandido da escola, a cidade contemporânea e suas redes telemáticas, ou a cidade como artefato (Lemos, 2004), móveis e flexíveis com recursos e metodologia híbrida, precisam ser incorporados pela escola e currículo.
Essa hibridização está na cultura, no urbano e na metodologia de aula – Blended learning[i], convergir mídias, espaços, estéticas, meios, linguagens é o contexto das culturas híbridas.
O blended learning, como metodologia para potencializar o processo de aprendizagem, passa pela descrição-execução-reflexão-depuração (Valente, 2002), etapas que serão vivenciadas (?) e analisadas (?) pelo grupo.
 Os ambientes, técnicas, artefatos e tecnologias criados são importantes dentro desse processo. Textos lidos em espaços não formais, uso de dispositivos móveis no ciberespaço, espaço livre - não formal, sala de aula e discussões com grupos espontâneos. Todas as ações vivenciadas serão analisadas tendo como referência os teóricos indicados e outros que sejam apontados pelo grupo. Siemens e as teorias de aprendizagem: comportamentalismo, cognitivismo, construtivismo, assim como Lemos, Lévy e os clássicos.
O propósito da aula, teórica e prática, é estudar os autores que fundamentam nossos estudos e refletir a prática com a experiência da aula externa. Com a metodologia Blended, caracteriza-se a hibridização do espaço expandido da aprendizagem que caminha no desterritório das tecnológicas computacionais, da cidade, da escola formal e do espaço privado.
A ubiquidade é recorrência no contemporâneo e estará presente nesse processo para análise. Lemos analisa a ubiquidade e a mobilidade[3] no artigo “A Era da Conexão” (2005), em uma reconfiguração estética, espacial e temporal que não foi absorvida pela educação. Os atores sociais da escola vivem na cultura híbrida, no desterritório, e paradoxalmente é retido ao espaço formal da escola. Podemos projetar o corpo dos alunos numa sala de aula demarcada por quatro paredes e engessado pelas cadeiras de madeira, com ângulo visual demarcado pelo quadro verde e com tempo determinado para aprender o que o currículo determina.
Propagamos que estamos na era da conexão com possibilidades para conectividade e colaboração. Isso nos leva à mobilidade e desterritorialização, então seria compatível à contemporaneidade que essas características fossem encontradas no espaço escolar formal e nos deparamos com as marcações rígidas de tempo e espaço que não fazem sentido no contexto descrito e vivenciado.
Colocamos o paradoxo Tempo, espaço, cultura, técnica, tecnologia, com o qual a educação básica e superior não dialoga, e podemos, durante a experiência da aula externa, refletir e propor novos espaços, conectivismos e cognições.





[1] Para Morin (2001, p. 55), “(...) a educação do futuro deve ser responsável para que a ideia de unidade da espécie humana não apague a idéia de diversidade e que a da sua diversidade não apague a de unidade. Há uma unidade humana. Há uma diversidade humana. A unidade não está apenas nos traços biológicos da espécie humana homo sapiens. A diversidade não está apenas nos traços psicológicos, culturais e sociais do ser humano. Existe também diversidade propriamente biológica no seio da unidade humana; não apenas existe unidade cerebral, mas mental, psíquica, afetiva, intelectual; além disso, as mais diversas culturas e sociedades têm princípios geradores ou organizacionais comuns. É a unidade humana que traz em si os princípios de suas múltiplas diversidades. Compreender o humano é compreender sua unidade na diversidade, sua diversidade na unidade. É preciso conceber a unidade do múltiplo, a multiplicidade do uno
[2]. Para McLuhan autor da célebre frase o meio é a mensagem, também analisa a comunicação na educação. "A tarefa educativa não é fornecer, unicamente, os instrumentos básicos da percepção, mas também desenvolver a capacidade de julgamento e discriminação através da experiência social corrente" (1974)
[3] Reler o texto indicado: página 3





[i] Blended: pesquisar

Referências Bibliográficas;

MACLUHAN. Revolução na Comunicação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1974.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários para a Educação do Futuro. UNESCO.  2001.
VALENTE, J. A. A espiral da aprendizagem e as tecnologias da informação e comunicação: repensando conceitos. In: JOLY, M.C.R.A. (Ed.). A tecnologia no ensino: implicações para a aprendizagem. São Paulo: Casa do Psicólogo Editora, 2002.

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